A vocação é o resultado abençoado de um Diálogo amoroso entre Deus e o ser humano. Deus escolhe, chama e capacita! O ser humano ouve, acolhe e responde afirmativamente.
Vivos, amantes, somos chamados à santidade, e isso significa, carregar a presença amiga e próxima de Deus em todos os níveis de amor, Ser santo é tornar-se amigo inseparável de Deus. Somos todos chamados à Santidade, e não nascemos com ela e nela. Precisamos desejá-la e buscá-la através de nossas opções, atraídos pela força e pela generosidade de Deus. Há muitos caminhos para a realização da única vocação cristã à vida, ao amor e à santidade. O próprio Senhor instituiu ministérios e serviços, que a Igreja acolheu e repetiu no tempo e no espaço. Dentro da vocação cristã podemos encontrar o ministério sacerdotal, a Vida Consagrada, a Vida Matrimonial e as diferenciadas e inúmeras formas de servir a Deus em sua Igreja, esta constituída e chamada a ser no mundo sinal e instrumento de salvação.
O termo "consagração" deriva do verbo "consagrar", ou seja, tornar sacro, sagrado. Etimologicamente consagrar é sinônimo de sacrificar. A palavra sacrifício sugere a idéia de renúncia e de perda, enquanto a consagração quer sublinhar uma qualidade nova e uma dignidade maior que é conferida ao sujeito.
Na consagração da pessoa é sempre presente dois aspectos: a graça e a resposta. O primeiro indica a ação de Deus que toma a iniciativa e toma posse da pessoa tornando-a particularmente participante de algo de si mesmo; por isso algo se transforma na pessoa que resulta consagrada. O segundo diz respeito às ações que o consagrado livremente e responsavelmente faz: disponibilidade, consciência, aceitação, oferta de si mesmo.
O grande modelo de consagração é o Cristo. Com a encarnação Deus toma posse de modo definitivo e absoluto do homem: definitivamente vem ao seu encontro e definitivamente se deixa encontrar. A humanidade de Cristo torna-se a realidade sagrada por excelência, ao ponto que Cristo, o Consagrado, será o seu nome próprio. A consagração é Ele, e ninguém, deste momento em diante, poderá ser objeto de consagração senão como participação da sua. "Jesus é aquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo no modo supremo (Jo.10,13). Em Jesus encontramos a sacralidade originária. Por isso a nossa consagração gera em nós a capacidade para segui-lo e nos conformarmos a Ele.
Consagrados para assemelhar-se ao Cristo Para que se realize a união com Deus é preciso que o homem recupere sua integridade pessoal, que, porém, para S. João da Cruz, vai além do estado de justiça original. A redenção de Cristo operou no homem uma transformação que supera a situação primitiva. Trata-se de uma deificação. A linguagem corrente nos fala de salvação, libertação, redenção. Os bens que a obra de Jesus aporta estão muito acima do simples remédio - "de modo mais maravilhoso nos remistes".
Sendo homem integrado a ele se integra a unidade divina. A união tem caráter mais passivo. O homem é levado a participar da unidade de Cristo com o Pai, e das três pessoas divinas entre si. Esta é a grande obra de unidade atuada por Cristo, que veio remediar a desgraça absoluta de ser pecadores, porém também o defeito gravíssimo de ser homens, e nada mais.
Sem. Daniel Ferreira(Missão em São Paulo)
